Fim de viagem em Londrina
Esta história na realidade é apenas um
pedaço de algo maior. Ela começou na quinta-feira passada quando fui a Londrina
para um casamento e está terminando hoje, terça-feira. Resumindo, é o final da
história. Sãos as minhas últimas horas em Londrina
- Ih guri, não sei, não.
Com essa frase, o taxista meio que me
preparou para a possibilidade de não conseguir voltar para casa. A cidade
estava debaixo de um temporal pesado tinha horas. Segundo o mensageiro do apocalipse
disfarçado de motorista de táxi, o aeroporto da cidade fechava com muita
facilidade. Qualquer sutil alteração no tempo e pronto, ninguém entra, ninguém
sai. Claro que com menos dramaticidade que a minha frase.
Quando entrei no aeroporto percebi que
a premonição do taxista era acertada. Um mar de pessoas espalhado por um salão
que parecia uma pista de kart por conta das malas e mochilas largadas pelo
chão. O exagero aqui não é tão real quanto parece. O aeroporto de Londrina, ao
menos a parte de circulação de passageiros, é ridículo de pequeno. Parece uma
rodoviária de cidade do interior. Um salão nem tão grande assim, com, no
máximo, dez guichês de despacho de malas, umas três lojas de companhias aéreas
e uma banca de jornal. Existe ainda um mezanino com uma lanchonete e uma dúzia
de mesas. Obviamente, lotar um local como esse não é uma tarefa muito difícil,
ainda assim, a imagem era desanimadora.
- Senhor, infelizmente estamos sem
previsão mesmo. Todos os voos estão cancelados. O avião do senhor sequer está
em terra. Eu sinto muito.
O rapazinho até que foi simpático,
mesmo respondendo a mesma coisa provavelmente há horas. Depois de uns quarenta
minutos em uma fila aturando terceiros disputando entre si quem estava mais
indignado e quem teria mais transtorno na vida por conta daquele atraso, até
que fui bem paciente e retribui o bom atendimento com um sorriso ao final. E
nem foi por conta do polpudo vale almoço, ou vale desculpas, de vinte e quatro
reais que recebi da companhia. Sem muitas opções, resolvi me sentar em algum
lugar para esperar pelo menos o temporal passar. Afinal, enquanto São Pedro
mantivesse aquele chuveiro ligado igual a uma mangueira de bombeiros, os voos
nem começariam a ser organizados. Sentei-me em uma das raras cadeiras disponíveis,
mas antes precisei de toda a minha capacidade de argumentação e articulação
para convencer um homem que as malas dele em um assento e uma pessoa em pé não configura
o correto. Ele ficou ofendido claramente quando a única solução seria
coloca-las ao chão, próximo ou no meio de suas pernas. Imagino que até hoje ele
esteja indignado por ter conseguido convence-lo a cometer tamanha indelicadeza
com seus pertences que merecem um local melhor. Existe uma grande possibilidade
de em sua casa a televisão deve ficar no sofá e as visitas de pé encostadas na estante.
Ficar uma hora e meia sentado fazendo
literalmente nada à espera do nada é muito pior do que imaginava. Senti muita
inveja dos idosos que, mesmo acompanhados, ficavam olhando o vazio em uma paz
quase fúnebre, todos imunes à agitação que os cercava. Inquietação, aliás, que
só aumentava diferentemente do que era exatamente o oposto do que esperava.
Imaginava que com o tempo passando, as pessoas iriam se cansando, diminuindo a
movimentação, falariam menos, se ajeitariam em um canto e por lá ficariam até
virarem um casulo, de onde sairiam depois transformados Hare Krishnas. Pelos
menos era assim que achava que eles surgiam.
- Devido à forte nevasca, o aeroporto
JFK está completando dois dias de interrupção no seu funcionamento. Autoridades
estão especulando um surgimento de mais de dois mil novos Hare Krishnas em Nova
York.
Aquela agitação estava de fato me
incomodando. Pessoas ansiosas ao celular ligando para cancelar reunião, adiar
encontro com cliente, dar satisfação para secretária entre outras situações, estavam
me provocando canseira só de olhar. Não tinha o que fazer. Éramos reféns do
clima, das companhias aéreas e do rapazinho da torre que provavelmente estava
fazendo hora em alguma rede social torcendo para o turno dele acabar antes do
temporal. Tamanha a nossa impotência, que não fazia sentido aquela preocupação
com os dramas do cotidiano. Tudo que passava pela minha cabeça era a minha
inconformidade com a ausência de qualquer opção de se comprar algo alcoólico.
- Isso é muito descaso – disse um
engravatado sentado à minha frente. – Ei, você não acha isso muito descaso?
- Eu? – Ele respondeu que sim para a
minha infelicidade. – O que seria descaso?
- Eles nos deixarem aqui mofando à
mercê do capricho deles.
- Eu não tenho certeza se é muito exagero
avaliar desta forma sabendo que os aviões sequer estão pousados para
embarcarmos.
- Isso é balela! Estão todos
estacionados em algum hangar. Isso é estratégia para vender mais passagens.
- Pelo que vejo ao meu redor, acredito
que vender passagens não é o problema atual deles.
- Você não está vendo a grande figura.
Veja fora da caixa. Eles criam esse cenário para que a pessoa desesperada não
espere pelo próximo agendamento e acabe comprando qualquer outro voo.
- Olha só. Olha ali naquela
televisãozinha. Todos os voos estão cancelados. TODOS! Não existe sequer outro
voo com passagens para comprar.
- É exatamente isso que eles querem
que você pense. Pois saiba que existem outros, sim. Eu ouvi uma pessoa falar
que se você pedir no balcão, eles têm um pequeno avião que leva até Guarulhos.
Tudo pela bagatela de quase mil reais por cabeça. Mil reais a cabeça. É uma
grande sacanagem.
- E por qual motivo você ainda está
aqui?
- Porque não vou cair no esquema
deles. Isso é coisa para desesperado que mete as mãos pelos pés. Só um trouxa
afobado cai nisso.
- Bem, me dê licença, mas vou ali em
cima descontar esse vale lanchinho que ganhei. Acho que a minha taxa de glicose
caiu drasticamente e está afetando meu discernimento.
Teve um pequeno rebuliço quando me
levantei, pois algumas pessoas estavam de pé. Foi notória a insatisfação do
homem ao meu lado ao perceber que ainda não poderia acomodar suas malas no
assento como ele considerava digno. Subi para o mezanino e as mesas da
lanchonete estavam lotadas de pessoas enrolando. Fui direto ao caixa na
esperança de boas notícias para amenizar o pesadelo que não tinha ainda prazo
para acabar.
- O que você tem de cerveja?
- Não temos cerveja, senhor.
- Hum – uma pausa coçando a cabeça e
revisando a vida. – Vinho de caneca?
- Não temos bebida alcoólica, senhor.
- Cachacinha? Licor?
- Não temos beb...
- Eu sei! Eu entendi na primeira.
Estava apenas tentando desafiar a realidade.
- Infelizmente, senhor, não temos
bebidas alcoólicas.
- Sério? E como fazem os pilotos? Eles
trazem em uma garrafa térmica em uma lancheira?
- Senhor, acredito que eles não possam
beber em serviço.
- Eu também. É apenas uma piada velha.
O que tem para comer?
- Temos quatro opções de pratos
feitos. São aqueles ali no alto. Acompanham um copo de refresco. Custa vinte e
quatro reais.
- Hum – outra pausa mais uma vez
desperdiçada, pois a menina não sacou o deboche no meu rosto. – E se quisesse
algo diferente de uma refeição?
- Temos um combo. Ele vem com dois
salgados, pode ser croissant ou folhado, uma vitamina ou milk-shake e uma fatia
de pudim ou de mousse.
- Deixe-me adivinhar. Custa vinte e
quatro reais.
- Exatamente, senhor.
- Que mundo pequeno, não? Vamos fazer
o seguinte. O que acha de eu te entregar esse vale qualquer promoção de vocês
que custa vinte e quatro reais e você me dá vinte reais em dinheiro de volta?
- Tem gente pedindo vinte e quatro
pelo vale.
- Não importa. Vinte redondo. Fechado?
Provavelmente me achando um idiota, a
atendente trocou o vale. Claro que ela tem razão, mas esse não era o motivo
mais apropriado para me julgar.
Com as mesas lotadas e a menor vontade
de retornar àquele salão que mais parecia a arca de Noé, optei por ficar em uma
enorme janela que dava para a pista de pouso e decolagem. Nada para ver. Apenas
muita água caindo no asfalto. Talvez conseguiria uma pouco de paz.
- Então – uma mulher parada ao meu
lado também olhando para o nada matou os poucos segundos de paz. – Eu te
entendo perfeitamente.
- Ora, não se precipite. As chances de
estar errada são grandes.
- Bobo – ela sorriu e foi a primeira
bela imagem naquele dia horroroso. – Estou falando do seu drama para conseguir
bebida alcoólica.
- Ah sim. Ajudaria muito na minha
situação se eu conse... Ei! Que audição impecável. Você está de parabéns!
- Quando você apareceu, eu pensei na
hora que seria alguém que estivesse doido por uma birita.
- Birita?
- Ah me deixa. Eu tenho umas gírias
estranhas – outro sorriso lindo e o meu dia começava a melhorar ao poucos. –
Daí apostei comigo mesma que iria pedir algo para beber. Fiquei daqui ouvindo e
nem foi um esforço muito grande. Sua voz é grave, alta. Dá para ouvir daqui
facilmente.
- Imagine de manhã ao pé do ouvido.
- Céus! Alto daquele jeito? Tipo
acordar com corneta de quartel?
- Não, sua doida. Apenas o grave.
- Ah sim. Deve ser uma delícia. Até
imagino você falando “acorda, benhê, entupi a privada.”.
- Que horror – caímos os dois na
gargalhada. – Jamais falaria isso.
- Mas é bem a sua cara.
- Não. Acho cafona chamar alguém de benhê.
- Ficamos rindo mais um pouco.
Ela aparentava ter um pouco mais de
quarenta anos. Era bem bonita, alta, cabelos bem cuidados e o tal sorriso
encantador que disse antes. Seu nome era Cristina, estava voltando para o Rio
de Janeiro também, mas sem a menor pressa, pois já tinha avisado ao chefe e foi
liberada. O meu drama não somente a comoveu, como também a assolava.
Precisávamos de um plano e, segundo ela, nos arredores não existia uma opção
sequer. Mesmo que tivesse, não nos podíamos nos dar ao luxo de sentar em uma
mesa de bar. Sugeri pegar um taxi, deixar que ele nos levasse até algum local
que vendesse a tal birita e voltaríamos para consumir enquanto esperávamos as
coisas se reestabelecerem por aqui. Ela topou e ganhei mais um sorriso.
Quarenta minutos depois, dos quais a
maior parte do tempo foi culpa de um taxista incompetente que sequer sabe onde
se pode comprar vinho na própria cidade, estávamos de volta. Eu, Cristina e
cinco garrafas de vinho. Todas com as rolhas previamente engatilhadas para
facilitar as nossas vidas. Estávamos bastante pessimistas quanto ao nosso
retorno ao Rio de Janeiro e otimista sobre nossa capacidade de absorver álcool.
- Baby, se me acompanhar direitinho
com essas cinco, direi com certeza que você foi feita para mim.
- Baby? O cara que acha cafona falar
benhê usa baby?
Cristina era muito mais que um sorriso
lindo. Tinha respostas rápidas que me deixam sem palavras, era despojada e
comprou o projeto encher a cara no aeroporto. Obviamente, assim que chegamos,
não tinha mais lugar para sentar. Sem dramas, nos acomodamos no chão mesmo.
Esticamos as pernas, colocamos as malas de lado, tiramos a rolha da primeira
garrafa e nos revezamos com bons goles direto do gargalo. Os olhares
recriminadores dos outros passageiros eram cruéis. Cheguei a me incomodar por alguns
segundos. Daí, ela me entregou a garrafa, dei mais um gole e passou.
- Impressionante como as pessoas estão
incrédulas com a nossa cena.
- É muita coisa para associar de uma
só vez – respondi devolvendo-lhe a garrafa.
- Sério? Liste então.
- Dois adultos sentados no chão sem a
menor cerimônia.
- Justo.
- Dois adultos bebendo vinho em pleno
início de tarde de uma terça-feira.
- Bebendo do gargalo – ela enfatizou erguendo
a garrafa como em um brinde.
- Sim, não vamos nos esquecer desse
detalhe – peguei a garrafa, bebi e continuei. – E agora o principal de todos. O
maior de todos.
- O maior de todos – ela pegou de
volta a garrafa e a levantou ao ar. - Qual o maior de todos?
- Estamos nos divertindo enquanto os
outros estão odiando este dia.
- Mas é porque temos álcool.
- Direto do gargalo. Não se esqueça.
- Direto do gargalo.
A primeira garrafa terminou em uma
velocidade incrível mesmo para os meus padrões. Cristina tinha um potencial
impressionante. Era melhor eu ficar atento com ela, pelos bons e maus motivos.
Já na segunda garrafa, um funcionário do aeroporto veio recolher a primeira
vazia. Ele fez um comentário que flertava com uma pergunta como quem quer saber
se iriamos dar trabalho. Eu até tinha uma resposta cretina pronta, mas Cristina
foi mais rápida dizendo que só teriam trabalho se nos incomodassem. Quietos no
nosso canto, passaríamos despercebidos. Ouvi incrédulo tamanha franqueza, mas o
que importava mesmo era o funcionário ter acreditado.
- O que veio fazer aqui?
- Não quero falar sobre isso – ela foi
seca na resposta.
- Puxa, me desculpe. Não queria ser
indelicado.
- Não foi indelicado. Foi sem graça.
Perguntinha mais clichê. Ainda mais vindo de você.
- De mim? O que tem eu?
- Você com todo esse jeito de
contornar a conversa e essa cara de safado...
- Essa o que?
- Você ouviu? E sua cara de safado é
melhor que essa de cínico. Pode parar com a cena. Enfim, esperava algo melhor
de você. Mais compatível com a imagem.
- Tipo o que?
- Tipo perguntar a cor da minha
calcinha, se faço sexo com desconhecido, se já trepei em banheiros públicos, se
transei a três ou se coloco energético em uísque.
- Energético em uísque?
- Pois é, uma putaria pesada fazer
isso, não?
- Estou começando a achar que você é
alguma irmã minha que foi roubada na maternidade.
Ela riu do meu comentário, mas não por
ser engraçado, apenas por ser patético. Cristina achou curioso o meu
desconforto lidando com uma mulher com boas respostas rápidas que me deixavam
desconcertado. Não bastante, concluiu de imediato que eu só me relacionava com
mulheres mais novas. Ora, que diabo de mulher era aquela? Só tinha uma maneira
de fazê-la parar. Ou tentaria deixa-la apaixonada por mim, ou teria de tentar
mata-la. Em ambas as opções, indiscutivelmente, não somente fracassaria, como
seria o único a sair machucado. Onde fui me meter?
- Ok, você já está muito
desconcertado. Vamos para perguntas lugares comum para você retomar o fôlego e
a coragem. O que veio fazer aqui?
- Casamento.
- Percebo que esteja esquecendo algo,
não? Tipo, a mulher com quem acabou de casar.
- Não, eu não me casei. Vim para um
casamento.
- Entendi. Padrinho, né?
- Madrinha.
- Olhe só, já está voltando a ficar à
vontade com as asinhas de fora.
- Não é piada, é sério mesmo.
Cristina não pode acreditar no que
ouvia. No dia do casamento civil, a madrinha não pode comparecer e a única
pessoa que o casal conseguiu chamar às pressas no cartório foi outro amigo.
Chegando à hora, o juiz de paz se recusou a fazer um documento com dois
padrinhos. Deve ter pensado que éramos um casal gay. Ele disse que só aceitaria
se um dos dois assinasse como madrinha. Obviamente, para não empatar o momento,
o idiota aqui aceitou a condição. Aliás, condição totalmente absurda, que na
cabeça do juiz de paz fazia sentido.
- Ah, então você é gay mesmo?
- Não comece.
- Tudo bem – ela colocou a segunda
garrafa já vazia de lado e abriu a terceira. – Veja pelo lado positivo, em
casamentos sempre arrumamos alguém.
- Nada.
- Ninguém?
- Zero.
- Neca de bitibiriba?
- Está divertido para você?
Após um gole inaugural na terceira
garrafa, ela se desculpou. Não acreditava que alguém pudesse sair de um
casamento sem ao menos conhecer uma pessoa nova. Vai ver as minhas obrigações
de madrinha ficaram tão extensas que nem tive tempo de interagir com outras
pessoas. Ou apenas sou um fiasco nesse tipo de evento mesmo.
- E nos outros dias? Não saiu? Nada?
- Ah sim! Todas as noites.
- E conheceu alguém?
- Ah sim! No sábado conheci uma ruiva
linda. Olhos claros. Rosto pintandinho de sardas. Ótimo passatempo.
- Passatempo?
- Sim, ficar contando sardas pela
manhã.
- Pois saiba que minhas costas são
cheias de sardas.
- Você quer ouvir a minha história ou
ficar se gabando?
- Oh desculpe, senhor falador.
Prossiga. Quem sou eu para te interromper agora que pegou no embalo.
- Era só isso mesmo. Conheci uma ruiva
linda no sábado.
- E?
- E o que?
- Nada? Zero? Neca de bitibiriba?
Fuém?
- Não! Ficamos no sábado e repetimos
ontem.
- Ah seu cretino. Então quer dizer que
estou aqui flertando com um homem compromissado?
- Estamos flertando?
- Não, claro que não! Você é um
desastre nesse jogo.
Mesmo que estivéssemos, não era um
homem compromissado. Ao final do segundo encontro, a ruiva já deixou claro que
nada sairia dali. Aliás, preciso dizer que, no que se refere a ser enfática, ela
é muito boa. Qualquer animação pelos dois dias com ela foi estraçalhada por
pedidos como esquecer que ela existisse, apagar seu número do telefone e não
achar que foi algo especial. Não quero me passar por dramático, mas ainda estava
me sentindo mal por como aquilo terminou. E nem foi minha culpa dessa vez. Eu
apenas fiquei boquiaberto ouvindo. Era óbvio que não iríamos para frente. Foi muito
exagerado o sadismo dela em me comunicar isso.
Enquanto Cristina demonstrava
solidariedade ao meu sofrimento recente, o sistema de som anunciou que o
tráfego aéreo estava aberto novamente. Fomos para o guichê e, no tempo que
esperamos na fila, a terceira garrafa foi embora. Estávamos prestes a completar
nove horas naquele local já completamente bêbados. Conseguimos marcar nossos
assentos, um ao lado do outro e seguimos para a sala de embarque onde ficamos
menos de dez minutos. O pessoal do aeroporto estava disposto a colocar as
coisas em dia mesmo. Entramos no avião, guardamos as malas no compartimento em
cima das poltronas e nos sentamos. Com a quarta garrafa em mãos, Cristina
sugeriu que pensássemos em um local para acabar com esta e a quinta, já que o
tempo de viagem era curto. Deixei por conta dela, afinal era o macho alpha da
relação. Ela sorriu quando ouviu isso e tirou a rolha. Logo em seguida o avião
decolou. O que aconteceu em seguida não cabe mais aqui, pois como disse, essa
era a história das minhas últimas horas em Londrina e não estava mais em solo
londrinense.