Brownie do Skylab (foto divulgação) |
Na última sexta-feira fui me aventurar no
Rio Restaurante Week. Esse evento consiste basicamente em uma série de
restaurantes com certo nome e requinte proporcionando uma experiência
gastronômica (entrada + almoço/janta + sobremesa) por preços acessíveis. Não
deixa de ser uma boa oportunidade de degustar de comida sofisticada, bom
serviço e conhecer casas nas quais evitamos por, digamos assim, estarem fora do
nosso orçamento. A minha aventura se dividiu em duas partes: uma no almoço e
outra mais tarde na janta. Vamos às impressões.
O almoço foi no restaurante Amaranto,
localizado no Caesar Bussines em Botafogo. Ambiente bem claro, espaçoso,
decoração simples e confortável. As opções de entrada, almoço e sobremesa eram
respectivamente: Carpaccio de Salmão ao molho mostarda ou Mix de folhas nobres
com cogumelos frescos salteados; Camarão aos três queijos com arroz branco ou Contra-filé
grelhado servido com Fettucine ao Limone; Abacaxi caramelado servido com
sorvete de creme ou Cheesecake de chocolate. Minha escolha foi C³: Carpaccio,
Camarões e Cheesecake.
Com a chegada da entrada, a sensação de
furada fica clara. Ela é composta rigorosamente de 1 (UMA!) fatia de Carpaccio
cortada em quatro quadrados, com 3 (TRÊS!) alcaparras e um punhado de mostarda
(que não me espantaria se for Arisco) ao redor. Foram quatro garfadas que só
demoraram mais de três minutos, porque tentei pegar o máximo de “molho”. Para
ajudar a preencher o espaço que ficaria na barriga, desci um copo de suco de
laranja. As pessoas que me acompanhavam e pediram a Mix (segurei o riso agora)
ficaram tão decepcionado quanto, contudo, não pela quantidade, mas pelo fato de
ser um prato que qualquer amador consegue montar em um restaurante a quilo.
Veio o almoço e, com ele, sirenes tocando
dentro da minha cabeça: Fome! Fome! Fudeu! Fome!. O prato era uma miséria.
Sabemos que na culinária sofisticada não temos aqueles famosos pratos de peão,
mas na hora do almoço, um pouco de generosidade cai bem. Pois bem, além de nenhuma
generosidade, tivemos zero de diversificação gastronômica. O prato consistia em
qualquer outro que podemos comer no Camarão em Cia, só que em porções infantis.
Os que pediram o Contra-filé concordaram que era um prato similar ao do Bom Grilé
e quetais. Portanto, seja qualquer for a escolha, temos um prato extremamente de
cotidiano, mas com um toque refinado: a ínfima porção.
A sobremesa foi aguardada com medo e
ansiedade. Como seria o Cheesecake de chocolate que pedi. Pois bem, acreditem,
era uma fatia de bolinho de chocolate com consistência de suflê. Uma fatia
finíssima e muito baixa. Quase amostra de bufê. Gostosinha, é verdade, mas sem
uma semelhança sequer a um cheesecake. O mesmo poderia dizer da outra
sobremesa. Era uma fatia de abacaxi caramelada com sorvete, igual a que seu tio
faz em todos os churrascos da família.
Em suma, foi um almoço de shopping, com
porções francesas e preço contemporâneo. Por esta impressão, o programa foi
muito furado. Só que, para terminar, ainda temos que ficar de pé em uma fila
para pagar, pois só uma pessoa é capaz de calcular a comanda, passar o cartão e
liberar o cliente.
Passado o trauma, passei no Subway e
comprei um sanduíche de 30cm. Sim, sou um pouco monstro, mas a fome foi unânime
nos seis que compunha a mesa. Depois, com calma repensei se iria mesmo dar
continuidade ao evento da noite. Pois bem, como seria algo para levar Norte a
um local diferente, optei por mantê-lo. Sábia decisão.
O jantar foi no Skylab, localizado no
terraço do Hotel Othon em Copacabana. Quase um Rainbow Room litorâneo. E, sem
os exageros de praxe, o local é bem diferenciado. Não somente pela vista a
fazer inveja a qualquer morador do Vidigal ou Cantagalo, mas pela decoração e,
principalmente, pela equipe.
Cheguei ao local com 5 minutos de atraso
em relação à reserva. A hostess me informou que houve um equívoco, portanto
minha mesa não estava disponível, contudo, imediatamente nos acomodou no bar
com uma belíssima vista (melhor que a do próprio restaurante) e se desdobrou
para arrumar uma mesa. Tal tarefa durou no máximo dez minutos.
Já sentados à mesa, recebemos as opções
que eram respectivamente: Creme de batata doce com Beignets de siri ou Terrine
de salmão defumado com aspargos verdes; Strudel de frango com goiaba
acompanhado de repolho refogado com broto de feijão ou Medalhão de filé com
pimenta de Szechuan, cebola roxa e tomate cereja acompanhado de gratinado de
legumes; Torta brownie com café e calda de caramelo ou Cheesecake de maracujá.
Ambos escolheram a mesma entrada (Creme de batata doce) e o prato principal
(Medalhão). A sobremesa foi dividida para que pudéssemos saborear ambas.
A entrada causou uma bela impressão
inicial. Muito bem servida em uma temperatura que não provoca queimaduras e com
tempero ideal. Faltou um pouco mais o gosto do siri, mas nada que parecesse as
famosas coxinhas de frango com catupiry que de catupiry só tem o cheiro. De
quebra, ainda tivemos uma bem servida cesta de pães, diversificada e que continha
mais calorias que toda a refeição do almoço. Todos eram gostosos!
O prato principal, confesso, tinha a mesma
porção do almoço. Entretanto, era algo mais bem elaborado. Aliás, era algo de
fato elaborado. Fugia da zona de conforto e proporcionava uma refeição justa
para a parte do dia. O molho estava muito bem condimentado e o medalhão, que
mais me preocupava, igualmente no ponto. Sem sangue, sem ressecamento.
As sobremesas foram de longe um prazer à
parte. O cheesecake de maracujá fugia do lugar comum. Possuía camadas de
cheesecake revezando com uma camada que remetia a uma gelatina de maracujá e um
topo de creme de maracujá. O brownie era espetacular. Camadas de chocolate
estilo mousse deram um toque leve ao doce. E a pitada de café remetia a uma
breve lembrança de tiramissú.
Não sei se foi por conta de estarmos no
último serviço, mas o atendimento foi bem mais ágil. Principalmente na hora de
pagar (a que mais interessa ao estabelecimento). De qualquer forma, fica a
minha dica. Fujam do Amaranto e virem fãs do Skylab. Bem, eu farei isso...