Um dos temas que mais tem ocupado as principais
páginas da mídia é o tal muro do Trump. Não sei ao certo como ele vai funcionar
porque tive preguiça de pesquisar a fundo. Aliás, na minha cabeça, seu
funcionamento já está definido e se encaixa perfeitamente nessa crônica. Então,
por motivos de conveniência, vai a minha versão como a oficial.
Agora que colocaram o doido do Trump
como presidente dos Estados Unidos, o inevitável e tão falado muro está por
vir. A proposta, que só faz sentido naquela cabeça que usa um topete sem
sentido, é proteger o país de estrangeiros ilegais. Obviamente que isso vai dar
uma merda do cacete e o próprio povo estadunidense vai pagar por isso também. E
não falo da parte financeira de montar o muro. Estou me referindo a sofrer
revés depois de erguida a parede da discórdia. Todo dia centenas de
estadunidenses cruzam a fronteira por algum motivo particular. Com o muro, é
possível que isso acabe por conta de alguma retaliação vinda do outro lado.
Nada mais justo, diplomaticamente falando. Para o povo, é uma puta sacanagem.
Imagine não poder mais cruzar a fronteira para comprar tequila legítima de
primeira por preço de cachaça de botequim? Nem me venham falar que na terra do
Tio Sam se encontra José Cuervo ou Sauza por preços módicos. Não é a mesma
coisa. É como se fossemos obrigados a nos contentar com cachaça Pitu porque nos
proibiram de pegar cachaça artesanal em Minas Gerais. Apesar de não corrermos o
risco de ter um muro erguido na fronteira do Rio de Janeiro com Minas Gerais.
Já na fronteira de São Paulo com o Paraná é algo que eu não colocaria a minha
mão no fogo.
Se a perda do acesso à bebida já é
algo suficientemente grave para se rever a tal ideia estapafúrdia, imagine quando
analisamos a perda cultural. Imagine não poder cruzar a fronteira e desfrutar
do Dia de Los Muertos em Tijuana? Trata-se de um evento fantástico que mistura
religião, carnaval e adrenalina. Afinal, acontece na cidade mais violenta
daquele país. Portanto, você pode estar em um momento venerando os mortos e,
minutos depois, estar sendo venerado pela multidão.
Ainda sobre a parte cultural, é
impossível deixar de falar sobre a maior referência artística do país das
tortilhas. É quase uma tradição para os pós-adolescentes estadunidenses cruzar
a fronteira para ver o clássico show The Lady And The Burro. Explico para os
que desconhecem a tradição. O show é basicamente isso mesmo que o nome diz. No
palco entram uma bela mocinha e um jegue. O que acontece depois é a maior
bizarrice da história. Sim, eles transam ao vivo na frente de todos. Filha de
uma família de mágicos, a bela jovenzinha, igualmente às caixas dos seus pais, tem
fundo falso e manda ver com o quadrupede que faz um esporro de corar aquela
vizinha escandalosa que finge orgasmos toda noite de terça-feira. Pensando bem,
com a construção do muro, privar os jovens desse show de horrores talvez seja o
único ponto positivo da proposta autoritária do biruta do Trump.
Eu, para ser honesto, sequer sei se já
começaram a construir o muro. Será que eles precisam de licitação? Vai ter superfaturamento?
Aceitariam a Odebrecht como concorrente na disputa dentre as empresas de
engenharia envolvidas? Os tijolos serão posicionados de pé ou deitados? Ou nem
tijolos usarão? Não posso responder a essas perguntas, pois sou muito
desinformado em diversos assuntos. Um deles que mais me aflige e que está
diretamente ligado ao muro é a tal da Sol. Talvez vocês se lembrem da
protagonista da novela América que pretendia ultrapassar a fronteira
ilegalmente. Ela já conseguiu? Porque, caso negativo, é importante que ela
agilize essa cruzada ou vai dar de cara na parede. Ou muro, melhor dizendo.
Vale lembrar que a tal protagonista de
desenterrei do fundo do baú das novelas era interpretada pela atriz Débora Secco.
Essa mesma atriz que na semana passa declarou que tinha problemas com
fidelidade e mentiras. Isto é, ela assumiu publicamente que pula o muro, digo a
cerca, com a maior naturalidade possível e não hesita em manter a mentira
dentro da sua conveniência. Realista como sou, sei que não existe números
suficientes para representar a probabilidade de ela cometer uma traiçãozinha de
leve comigo. Todavia, ela podia me mandar uma mentirinha ao menos. Ser chamado
de lindo por ela seria tão fabuloso quanto poder dizer aos quatro cantos que
sou o corno oficial dela. Não, não ligo para essas coisas. Fazendo em casa o
dobro do que apronta na rua, a contabilidade me sai favorável. Claro que, para
outros cabras, isso soa extremamente ofensivo. Alguns, imagino eu, mesmo com a
espetacular oportunidade de ter algo com ela, rejeitariam a proposta por conta
da sua declaração. Outros, até aceitariam, mas acredito que sob a condição de
construir uma espécie de muro do Trump ao seu redor.
Que sacanagem! é uma rapidinha semanal
só para manter o interesse.