Vocês devem ter visto a história que
ocorreu nesta semana do técnico de futebol que foi dado como desaparecido
provocando rebuliço na internet. Provavelmente viram também que o cidadão foi
encontrado em um motel no meio de uma pelada, literalmente assim espero. Ou
então sofrendo um revés durante a pelada tomando de quatro, dependendo da opção
sexual dele que, aliás, não nos diz respeito. Não se sabe ao certo como
encontraram o profissional das bolas. E não digo do estado, se estava pelado,
em plena ação, dormindo ou refletindo se valia mesmo a pena pagar quinze reais
em um saquinho de amendoim do frigobar. Estou me referindo aos meios mesmo,
talvez o telefone tocou insistentemente até que ele atendesse, encontraram o
arisco técnico pelo carro estacionado nas instalações da arena fodal, ou alguém
muito íntimo o localizou pelo cheiro. O fato é que em um motel reside um código
de conduta implícito que as pessoas parecem não respeitar. Já notaram que não existe
em motel plaquinha de não perturbe na porta? Pois é! Isso porque é óbvio que
ninguém quer ser importunado naquele local. Tanto que pedidos de comidas e
bebidas são deixados em uma antessala quase que em um esquema de presídio de
bacana.
O que importa na história do técnico
que estava escondido no meio de alguém é que, mais uma vez, a humanidade se
intrometeu em um dos lugares mais sagrados da civilização moderna. Obviamente
que existem casos drásticos que devem ser tratados como exceção. Um deles é o
do falecido marido da atriz, cantora, musa e Paquita Susana Vieira. O garotão
arrastou uma donzela (não a esposa, mas a amante no caso) para um motel e
enfiou o nariz onde não devia. Duas vezes! A primeira vez na donzela e a
segunda em uma generosa carreira de cocaína que o fez bater as botas por lá,
mesmo estando descalço vestindo apenas uma sunga branca. Numa situação como
essa, a impenetrabilidade do quarto de um motel, que diferentemente não se
aplica a quem o frequenta, precisa ser rompida. Afinal, o homem já estava
durinho quando chegaram. Digo, quando eles, a polícia e os bombeiros, chegaram,
o pulador de cerca estava todo duro. No sentido de eles, o marido intrépido e a
donzela, apenas uma parte estava dura quando chegaram.
Casos de infidelidade são os mais
delicados. Alguns cônjuges, tomados pela ira de terem sido traídos, descumprem
o trato internacional contra violação dos quartos de motel e invadem
abruptamente o recinto para flagrar os fornicadores infiéis. Segundo vovó, isso
é muito arriscado. Trata-se de uma combinação perigosa. O susto de ser
surpreendido somado ao vento da porta aberta pode resultar no casal ficar preso
naquela posição para sempre.
Não se tem conhecimento de um método
adequado para se portar quando pretende flagrar seu cônjuge no motel com outra
pessoa. Diversos estudos de casos se mostraram falhos em algum artifício pelo
menos. Um caso que me recordo é o do marido que, desconfiado da esposa, decidiu
seguir a moçoila. Ela tinha dito que iria ao salão fazer as unhas, mas, na
verdade, estava com um amigo do casal no motel. Respeitando o código do “não entrarás,
feladaputa”, o marido esperou no estacionamento. Talvez aqui ele tenha cometido
um óbvio equívoco, pois deu tempo do par fura-olho desenvolver os trabalhos com
calma. Quando finalmente saía do motel, a dupla foi surpreendida pelo marido
furioso que sentou o cacete no falso amigo, não da mesma maneira que o
fura-olho fez com a esposa. Sei apenas que foi uma baixaria sem fim. O marido
irado quebrando tudo, o amante bem calminho (sabemos bem o porquê) e a esposa
aos prantos que, para piorar a cena, estava com as unhas por fazer.
Voltando ao professor, como os técnicos
costumam ser chamados pelos seus atletas, inclusive pelos que não o respeitam,
ele não estava em impedimento. Sua situação era legal (não usei o termo posição
porque ficaria dúbio mediante a história). Fico na torcida que ele não precise,
em ocasiões futuras, avisar ao seu contratante quando for bater uma bolinha em
território profano discreto. Como disse, isso é da conta dele, até ficarmos sem
assunto por aqui, obviamente.
Que sacanagem! é uma rapidinha semanal só para manter o interesse