quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Amargura por Extenso

Profissão repórter
Constantemente vemos jornalistas sendo demitidos, reportagens de qualidade duvidosa e saias-justas em todos os meios de comunicação. Muitos atribuem ao fato de não ser mais exigido diploma para exercer profissão no mercado jornalístico, principalmente nos guetos editoriais. Outros alegam falta de capacitação. O fato é que existem certos nichos na área que são tão rasos que se tornam tarefas fáceis e possíveis para qualquer pessoa. Sim, o jornalismo, seja impresso, virtual ou televisionado, está tão repleto de lugares-comuns que qualquer pessoa que consiga ter um QI inferior ao de um profissional da área é capaz de fazer o mesmo. Enumeramos algumas delas:
Repórter de festival de rock: “Qual sua expectativa para o show de hoje? QUAL SUA EXPECTAT... OK, BOM SHOW! Ele não tem mais tempo, mas pelo olhar deu para sentir que ele está muito ansioso em tocar no Brasil pela primeira vez, que cogita voltar mais vezes, que é fã do samba, caipirinha e Paçoquita, que acha lindas nossas favelas e que pretende comprar um apartamento no Urca.”
Repórter de trânsito: “A Pinheiro Machado está engarrafada. A Francisco Bicalho está engarrafada. A Ponte Rio-Niterói está engarrafada. Se você ainda usa algum desses percursos diariamente definitivamente não precisa dos meus serviços.”
Apresentador de meteorologia: “Aqui nesta mancha cinza vai chover, nesta mancha amarela vai fazer sol, nesta mancha verde tem um monte de plantinha e esta mancha azul é o mar.”
Repórter de futebol de beira de campo: “Cumbica, não foi uma partida boa do time. Depois de perder de oito a zero, é levantar a cabeça e seguir no campeonato ou todo mundo tem de se matar no vestiário?”
Repórter político ao vivo de Brasília: “Desculpe, não estou te ouvindo. Estamos no ar, Laurindo?”
Repórter em cobertura ao vivo de eleições: “Parece que já temos o resultado das eleições para presidente... mas antes... vamos ver a contagem dos votos que está em 12% das urnas apuradas em Tartarugalzinho.”
Apresentador do Globo Rural: “Vamos agora falar da safra da soja. E como só tem desgraçado acordado assistindo este programa, vamos contar grão a grão.”
Redator do Catraca Livre: “Hoje vamos ensinar como fazer o seu Iphone usando uma abobrinha, duas fitas K7 velhas e quatro pilhas AAA.”
Repórter de telejornal local que não quis dar para o diretor de jornalismo: “Estou aqui na puta que pariu para cobrir a reclamação dos moradores. Não tem água, não tem asfalto na rua, não tem saneamento básico, não tem coleta de lixo, mas tem mosquito para caralho nessa merda. Vai tomar no cu, Ermínio.”
Colunista social: “Na noite de ontem, o filho de um renomado executivo foi visto aos beijos com a filha de conhecido empresário carioca. O que se diz por aí é que ele é viado e está tentando disfarçar, enquanto outras pessoas afirmam que ela é piranha mesmo.”
Redator de reportagem sobre celebridades: “Foi visto pela manhã, na orla da praia [inserir o nome], o galã [inserir o nome]. Ele deu sete passos para frente, esperou o sinal fechar e atravessou a rua. Continuamos aguardando novas polêmicas.”
Apresentadora de programa de culinária: “Hoje faremos uma novidade das guloseimas, brigadeiro com um chapeuzinho no topo.”
Jurado de programa de calouros: “Fiquei impressionado com sua voz. A sua técnica também é impecável. Sem entrar no mérito da acertada escolha da música. Ainda assim, hoje meu voto é não. Ficarei com o sobrinho do Ermínio mesmo.”
Repórter de programa adulto da madruga: “Você poderia mostrar os peitos e dar um grito monossilábico?”
Locutor de desfile de escola de samba: “Vamos ouvir a bateria.”
Locutora de desfile de escola de samba: “Olha a letra do samba na tela para você cantar em casa.”
Comentarista de desfile de escola de samba: “O desfile definitivamente está apresentando muita criatividade, sem perder o luxo. Também tem muita irreverência, sem sair do tema. Acho que é uma forte candidata ao título.”
Repórter de desfile de escola de samba: “Estamos aqui com a passista Juju Surubinha que este ano vai sair de fênix, a galinha piromaníaca da mitologia. Juju, qual a importância que você cons... Só um segundo. Ok! Vamos do outro lado da concentração com Raimundo Tribobó que está com a sambista mais velha da escola que este ano vai sair de gangorra de pracinha abandonada.”
Repórter internacional: “Aqui em Bagdá a situação continua tensa. Tiros e bombas durante toda a noite. Um míssil caiu em nosso hotel e estamos dormindo em uma cabine telefônica com outros sete repórteres internacionais e duas cabras. Vai tomar no cu, Ermínio!”
Locutor de corrida de cavalos: “ohfowfehoofhgq wpgwhhwpfwephg fpwqehfwewpehgvweh ohfoqhfwe ofhwehfwehf qpfujhqw 0fpqwehfwe qpofhgwofwpgfhw0fw fpoqh fghfwfh wephwea wqfdch w0fhw0fwh cruuuuuuuzam a reta final.”
Apresentador de programas de vendas de utilidades domésticas: “Amigo telespectador, sabemos bem como é difícil amarrar um par de tênis. Mas seus problemas acabaram. Com esta incrível máquina que pesa uma tonelada e exige praticamente o espaço equivalente ao de um armazém para ser instalada, basta colocar seus pés com os tênis calçados e exatos vinte e dois minutos depois eles saem perfeitamente amarrados. Mas não ligue agora, pois daremos um galão de Super Bonder para colar seus dedos que acidentalmente podem ser mutilados pelas engrenagens desta incrível máquina.”
Redator do Buzzfeed: “Descubra como bombar sua internet nesse post ilustrado com 718 GIFs pesados e desnecessários.”
Roteirista de programa sobre a natureza: “Lucas, o leão órfão segue em sua caminhada pela savana atrás de sua mãe, Leonora, a leoa pensionista.”
Locutor da maratona de São Silvestre: “Enquanto eles não se aproximam dos metros finais, vamos mais uma vez com o repórter Jorge Tangerina que está em Recife cobrindo os preparos para o Carnaval do ano que vem.”
Redator das páginas policiais: “Segundo retrato-falado feito pela polícia, o suspeito é um homem pardo, de cabelo curto e traços fortes. Mas parece também um latino transexual com paralisia facial. Pode também ser uma xícara de peruca e óculos. Não é muito clara a imagem.”
Comentarista de arbitragem de futebol: “Não foi falta. Vemos ver no replay. É parece que o zagueiro aplicou uma força desnecessária à jogada, mas continuo não achando falta. Temos a lente de aumento? Ok! É, de fato o zagueiro cravou um vergalhão no crânio do atacante, mas visivelmente não foi a intenção. É o risco do jogo de contato. Para mim, não foi falta!”

Repórter para coberturas urgentes: “Acabamos de chegar na Usina Nuclear de Angra 1 que explodiu nesta madrugada. O local ainda é muito quente e com uma névoa fluorescente estranha. Meu cinegrafista acaba de desenvolver antenas e surgiram mais dois cus em mim. Ainda assim, não vou dar nenhum deles para você, Ermínio!”